terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Emissoras de TV usam apenas 20% da interatividade do Ginga

Os recursos do Ginga, software que permite a interatividade na TV digital brasileira, ainda são pouco adotados por emissoras de TV de todo o País, de acordo com debate sobre o assunto durante a Campus Party Brasil 2012. Segundo Valdecir Becker, doutor em TV digital e CEO da produtora Saci Filmes, as emissoras de TV até agora adotaram apenas 20% dos recursos de interatividade que o Ginga oferece.

O Ginga é uma camada de software que pode ser embarcada em televisores e set-top boxes com conversor de TV digital. Por meio do sistema, é possível interagir com a emissora, por exemplo, participar de enquetes durante jogos de futebol.

A plataforma, em sua versão atual, também permite que o usuário instale aplicativos desenvolvidos em Java na TV – eles podem ser relacionados ao conteúdo da emissora ou para acessar serviços de terceiros, como redes sociais.

De acordo com André Barbosa, conselheiro do Sistema Brasileiro de TV Digital e gerente de suporte da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), a base instalada de 65 milhões de TVs em todo o Brasil tem grande potencial com o Ginga. “Se já existe uma rede que pode ser interativa podemos levar serviços públicos, como marcação de consultas e consulta a bancos de dados do governo, para as TVs”, disse Barbosa, durante o debate.

Barbosa defende que, em vez de esperar que as emissoras de TV comerciais adotem o Ginga completo, o governo deve tomar a frente e começar a usar o Ginga para serviços públicos por meio da rede de TV Digital Pública. Com isso, os telespectadores teriam acesso aos recursos e, no futuro, as TVs comerciais podem começar a oferecer mais recursos da plataforma. “Já há um consenso no governo que a adoção do Ginga tem que começar pela TV Pública”, disse Barbosa.

A falta de interesse das emissoras de TV comerciais em adotar o Ginga, segundo Becker, tem a ver com a possível concorrência dos conteúdos multimídia com a programação e comerciais. “Como o usuário poderá acessar conteúdo interativo enquanto a emissora exibe os comerciais, fica mais difícil justificar o investimento do anunciante”, diz Becker.

Para Barbosa, é preciso criar um novo modelo de negócio para as emissoras, que inclua a interatividade. “É preciso encontrar uma forma que permita que os dois modelos convivam”, disse o executivo que deve cuidar do projeto de operador de rede da TV Digital Pública. Ela será responsável por coordenar dos projetos de interatividade na TV Cultura, TV Educação, TV Câmera, entre outros canais do governo.

TVs conectadas e aplicativos

No debate, os palestrantes defenderam que o Ginga pode ser complementar às TVs que possuem plataformas de software que suportam conexão com a internet. “Se você perguntar para nós, produtores de conteúdo, qual plataforma preferimos, vamos dizer que queremos as duas”, disse Becker durante o debate. Desenvolvedores de aplicativos terão que escrever código várias vezes para oferecer conteúdo no Ginga e nas TVs conectadas de várias fabricantes (que são incompatíveis entre si).

Assim como nas TVs conectadas, os desenvolvedores poderão criar aplicativos para smartphones e tablets que ofereçam conteúdo complementar para os telespectadores que possuem TVs com suporte ao Ginga. “Mais de 76% dos telespectadores acessam algum conteúdo no celular enquanto veem TV, é o que chamamos de segunda tela”, diz Becker. Estes aplicativos podem transformar o smartphone, por exemplo, em um joystick para jogos ou em um teclado para digitar um termo de busca.

Fonte: IG

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